O parto, que deveria ser um dos momentos mais naturais na vida de uma mulher, é, na maioria das vezes, um momento de dúvidas e cheio de procedimentos invasivos e, porque não, violentos. Sem a devida explicação e entendimento de como o processo deve acontecer, colabora-se para aumentar a máxima de que parto normal é dolorido, para poucas mulheres e nem sempre indicado.
Um dos assuntos que mais assusta as mulheres quando se fala em parto normal é a episiotomia. Nome difícil, que ganha ainda mais pavor, justamente porque é feito, em muitos casos, sem necessidade. Mas, afinal, o que é a episiotomia?
É uma incisão em grande parte do períneo, que engloba os músculos entre a vagina e o ânus, para ampliar o canal de parto, com o intuito de ajudar o desprendimento do bebê em partos difíceis. Mas, a verdade é que a episio vem sendo praticada em qualquer parto, muitas vezes sem a menor necessidade. Vários obstetras usam o argumento de que a incisão é feita para evitar a laceração perineal grave, ou seja, que esse tecido se rasgue no momento do parto.
Entretanto, a laceração nem sempre acontece e, se acontece, faz parte de um processo natural, fisiológico, no qual a recuperação é muito mais rápida e os traumas sobremaneira menores se comparados a uma episiotomia. Se a mulher adotar algumas posições que facilitem a abertura vaginal, a laceração pode nem ocorrer. Inclusive, a adoção da prática de alguns exercícios durante a gravidez, pode prevenir o rompimento do tecido.
Um dos grandes argumentos usados por médicos é que a episiotomia garante, no futuro, o impedimento de incontinência urinária e rotura perineal, mas estatisticamente, os trabalhos científicos não mostraram diferenças em relação a esses casos nos grupos de mulheres submetidas ou não à episiotomia.
A episitomia pode demorar muito mais a cicatrizar, causar incômodos para a mulher ao caminhar, urinar ou defecar e pode haver dores no ato sexual durante muitos meses. E, porque, então, que continua havendo a episio? Simplesmente porque ela não é discutida. Muitas grávida sequer ouviram falar à respeito e acabam se submetendo ao que o médico decide.
Então, para evitar essa e outras intervenções desnecessárias, o ideal é se informar, ler, buscar relatos de outras mulheres e conversar muito com seu obstetra. Afinal, ele tem de ser o seu parceiro na escolha de seu parto, sendo um grande apoio para um dos momentos mais importantes da sua vida.
Por Deborah Klimke, médica obstetra-ginecologista e acupunturista, mãe de dois filhos nascidos de parto normal.
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